quinta-feira, 21 de abril de 2016

Cabeludinho. Poema 1. Manoel de Barros

CABELUDINHO

1.

Sob o canto do bate-num-quara nasceu Cabeludinho
bem diferente de Iracema
desandando pouquíssima poesia
o que desculpa a insuficiência do canto
mas explica a sua vida
que juro ser o essencial

— Vai desremelar esse olho, menino!
— Vai cortar esse cabelão, menino!
Eram os gritos de Nhanhá.


(Manoel de Barros em Poemas Concebidos sem Pedado e Face Móvel. Editora Alfaguara.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário